DESAPARECIDAS é o terceiro livro policial da série Fredrika Bergman, escrita pela autora sueca Kristina Ohlsson. A série é protagonizada pela investigadora Fredrika e fez bastante sucesso com os livros anteriores, INDESEJADAS e SILENCIADAS, sendo todos volumes independentes que permitem a leitura sem ordem determinada.

Neste livro, a analista criminal Fredrika Bergman e a equipe do inspetor Alex Recht são designados para investigar o brutal homicídio de Rebecca Trolle, uma jovem desaparecida há dois anos que é encontrada desmembrada em uma cova rasa numa área florestal remota. Com o início da escavação para retirada do corpo, outras vítimas são encontradas. Buscando entender a conexão entre aqueles corpos, os policiais investigam a vida de Rebecca, descobrindo que ela escrevia uma monografia sobre Thea Aldrin, uma antiga autora famosa, com um passado obscuro, acusada de assassinar o ex-namorado e o próprio filho e, à partir daí, diversas teorias mirabolantes surgem para encontrar o culpado por tantas atrocidades.

Quanta raiva é preciso sentir para matar alguém e depois desmembrar o corpo? Colocar os pedaços em sacos plásticos e enterrá-los? (…) A morte nunca era bonita, mas às vezes era tão terrível que se tornava totalmente incompreensível.

Os primeiros capítulos são voltados para apresentação e descrição dos personagens envolvidos na trama, o que pode ser bastante confuso se não tivermos bastante atenção. Este foi o primeiro livro de Ohlsson que li e, apesar da série ser formada por volumes independentes, tive a sensação de ter perdido alguma coisa ao ler as primeiras páginas, pois, aparentemente, faziam referências aos acontecimentos finais do último livro, INDESEJADAS. De qualquer forma, isso não prejudica a compreensão da trama de DESAPARECIDAS, já que todas as informações necessárias são dadas nele.

Kristina Ohlsson investe bastante na construção de seus personagens, então, além da investigação focada na vida de Rebecca Trolle, também acompanhamos a vida pessoal dos investigadores envolvidos com o caso, principalmente a de Fredrika, que assumiu o relacionamento com um homem casado, tendo sido sua amante por 10 anos, até que ele pediu o divórcio; ela se tornou mãe de uma menininha recentemente e acompanhamos o final de sua licença-maternidade e seu retorno ao trabalho na polícia. A história fica bastante complexa quando temos uma visão geral da tensão para descobrir o assassino das vítimas encontradas na floresta, com pistas diversas que não levam a lugar algum, somada aos dramas pessoais de Fredrika, Alex e outros personagens importantes. Levando em conta esses conflitos apresentados, a autora trabalha algumas questões sobre relacionamentos amorosos, a perda de pessoas que amamos muito e alguns outros temas delicados.

O desenrolar da trama é um tanto quanto lento, sendo que em algumas partes muitas páginas se passam e nada de interessante realmente acontece; ela também não apresenta grandes plot twists, mas as informações cruciais da investigação policial aparecem gradativamente, o que capta a atenção do leitor por atiçar sua curiosidade. Em vários momentos da investigação, os policiais ficavam extremamente confusos e perdidos com tantas possibilidades de respostas para o caso e, inesperadamente, detalhes descobertos fazem toda a diferença e direcionam as buscas; isso motiva o leitor, instiga sua vontade de desvendar o mistério.

Gosto muito de romances policiais bem construídos, com ideias bem desenvolvidas e linhas de raciocínio sensatas, como em DESAPARECIDAS, além de a autora ter uma escrita muito boa. Neste livro, vemos um enredo bem feito, com explicações realistas e todas as pontas bem amarradas. Um dos piores pontos negativos de livros policiais é a apresentação de soluções/respostas que vão completamente contra a realidade… Eu, como leitora amante de thrillers, fico indignada quando o autor inventa um final super mirabolante com um plot twist sem pé nem cabeça!

Na sinopse da obra são mencionadas cenas cheias de atrocidades não indicadas para estômagos fracos, entretanto não é bem assim que acontece. Para as pessoas que não gostam de ler sobre assassinatos e coisas do gênero, obviamente que este livro não é para vocês; já os fãs de thrillers que já estão acostumados com um pouco de sangue, fiquem tranquilos, porque a narrativa não detalha as cenas fortes. Do meu ponto de vista, é uma leitura bem leve nas barbaridades.

Já adianto que o final não é do tipo surpreendente que deixa o leitor de cabelo em pé com a descoberta de um assassino super inesperado… Mesmo assim, minha experiência lendo DESAPARECIDAS foi bastante positiva, a narrativa me prendeu e fiquei satisfeita com o final proposto por Ohlsson. Dessa forma, indico a obra para quem aprecia um romance policial bem escrito, mas sem plot twists impensáveis!


AVALIAÇAO:


AUTORA: Kristina OHLSSON
TRADUÇAO: Rogério BETTONI
EDITORA: Vestígio
PUBLICAÇAO: 2017
PÁGINAS: 400


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