Existem algumas coisas que se tornaram padrão na literatura atual, passaram a ser um guia para conquistar leitores, vender mais e tornar uma história mais duradoura do que o necessário. Isso é bom? Bem, eu não sei, pessoalmente acho que não. Acaba prejudicando a criatividade, entregando coisas repetitivas e maçantes. Vamos conhecer SEIS PERGUNTAS QUE VÃO ALÉM DOS CLICHÊS, mas deixem nos comentários outras que vocês conheçam, quero muito saber!

1) POR QUE TANTOS TRIÂNGULOS AMOROSOS?

Em romances, mas não só, o que mais encontramos são triângulos amorosos. A gigantesca maioria é formada por uma garota, um garoto bonzinho e um garoto mauzinho. E quase todos terminam da mesma forma. Acredito que essa insistência se deve, principalmente, a uma preguiça mental. Ao invés do autor criar um empecilho original para dificultar a vida do casal, ele cria uma terceira pessoa. Pronto. Para quê perder horas, dias, semanas, procurando por obstáculos, se é mais rápido criar um triângulo? E por mais clichê que seja, por mais que você reclame da mesmice, você acaba lendo para saber com quem a mocinha termina. Mas tem outra coisa que me incomoda em triângulos: se uma pessoa está indecisa entre duas, então ela não ama nenhuma delas. Quando você ama de verdade, você sabe exatamente quem quer.

2) POR QUE MATAR O PERSONAGEM NO FIM DO LIVRO?

Eis outra coisa que muitos autores têm preguiça de fazer: criar um final emocionante sem precisar matar alguém. Chega no clímax da história, o autor quer que o leitor chore, esperneie, fique com ressaca literária, então o que ele faz? Cria uma situação surpreendente? Uma reviravolta fantástica? Uma revelação? Nada! Muito mais fácil matar alguém. É garantia de que isso fará o leitor chorar e se lembrar do livro, não pela qualidade, mas pelo trauma de perder o personagem de quem gostava. E muitas vezes nem existe um real motivo, a coisa é feita na força mesmo, sem qualquer razão aparente.

3) POR QUE TANTAS TRILOGIAS?

Bem, isso é culpa sua, querido leitor. Sim, é sua culpa mesmo. Antes, quando um livro vendia muito, o autor tentava criar algo novo para fazer tanto sucesso quanto o livro anterior. Agora, isso não é mais necessário, basta alongar a história mais do que o necessário, porque nós, leitores, iremos comprar. Se você não comprasse, eles desistiram dessa prática de conseguir três vezes mais dinheiro com a mesma história. E, às vezes, quando o terceiro livro vende bem, ainda dão um jeito de criar um quarto. E tem pior: muitos contam a mesma história pelo ponto de visto de um outro personagem. Isso é mais descarado ainda. Felizmente, já conheço muitas pessoas que estão fugindo de trilogias. Lembrando que séries não caem nesse estratagema, elas são um caso à parte. Séries são feitas em formas de episódios, cada livro é uma história diferente.

4) POR QUE TANTAS HISTÓRIAS AMBIENTADAS EM COLÉGIOS?

Isso é fácil de explicar: porque a maioria dos leitores é jovem, está em idade escolar e, por isso, o ambiente é familiar ao seu dia-a-dia. Além do mais, é onde os jovens passam a maior parte do tempo, dentro da escola. Natural que os dramas sejam passados nesse local. Agora, vamos ser sinceros, acho que não existe local mais traumático e hostil do que os colégios americanos. Meu Deus, pela quantidade de livros que os descrevem da mesma forma, deve ser o inferno na terra ter que estudar nesses locais. Tem de tudo!

5) POR QUE A MOCINHA TEM QUE SER TÃO INSEGURA?

A forma mais fácil de criar identificação do leitor com o personagem, é fazer esse personagem possuir o maior número de problemas possível. Não há como errar, uma vez que muitos irão se ver no personagem, mesmo que não totalmente. Outro motivo, considero que seja preconceituoso: é habitual que a mocinha seja frágil, seja indefesa, precise de algum herói para salvá-la, como atendendo ao sonho da princesa em busca de um príncipe que a salve da masmorra. Isso pode ser visto em vários livros famosos e muitas vezes é feito de uma forma tão sutil que fica difícil perceber o machismo presente na construção da personagem. São poucos os livros cuja personagem feminina consegue resolver todas as situações sem ajuda de um personagem masculino. E muitas vezes, nem é ela quem resolve, mas ele. Não sei dizer em termos psicológicos se isso atende alguma carência da leitora, se ela acaba se identificando por se sentir presa em sua própria vida e só conseguir enxergar uma saída na presença de alguém que a salve.

6) POR QUE O CRUSH TEM QUE SER UM HÉRCULES?

Sim, não tem jeito, desafio a me indicarem mais de cinco romances New Adult ou Young Adult onde o mocinho não seja viril, tenha barriga de tanquinho, braços grossos, olhos e cabelos claros, enfim, um modelo de homem com físico perfeito. Na maioria desses livros, a primeira descrição que o autor coloca na mente da personagem feminina é o físico do crush. E em muitos, o personagem não passa disso, alguém que sabe transar, que sabe trair, que tem diálogos pífios e que mesmo assim consegue arrebatar os corações das mulheres. Gostaria de um dia pegar um desses livros e acompanhar a história de uma relação mais real, com pessoas comuns, imperfeitas, que pudessem ser refletidas nas nossas vidas.

Estas são apenas seis das perguntas mais comuns. Existem muitas outras. Dependendo, faço uma continuação no mês que vem 😉