Em PERCY JACKSON E MALDIÇÃO DO TITÃ, terceiro volume da saga, nossos heróis precisam enfrentar uma nova missão ainda mais perigosa que as anteriores. A convivência entre os semideuses está conturbada, a calmaria está indo pelos ares e os inimigos estão agindo com rapidez. Nossos heróis ainda podem contar com o tempo ou será que já é tarde demais?

Antes de começar é importante avisar que o texto terá spoliers referentes aos dois primeiros livros da saga: O LADRÃO DE RAIOS (resenha aqui) e O MAR DE MONSTROS (resenha aqui).

O que parecia ser uma missão normal de resgate dos nossos heróis para com duas crianças, filhos de deuses, presos numa estranha escola, desencadeia uma série de acontecimentos que vira de cabeça para baixo a rotina do acampamento meio-sangue. Durante a missão de resgate, as coisas saem do controle e Annabeth é sequestrada, com muitos pensando que a mesma já está morta. Porém, Percy não acredita nisso e está focado em resgatar a amiga ao mesmo tempo em que precisa trabalhar junto com Thalia, a filha de Zeus, recém ressuscitada. Thalia tem uma personalidade forte, tem mais treinamento de batalha e é mais velha, essa convivência desperta em Percy um misto de sentimentos, com o medo sendo o principal dentre eles. A profecia que diz que um filho de Deus, do trio dos grandes, Poseidon, Zeus e Hades, terá uma grande importância e poder, capaz de salvar ou destruir o Olimpo ainda está valendo. E tudo está entre Percy e Thalia, ele está certo de si, mas e Thalia? Ela poderia ser uma ameaça?

E como tudo que pode, vai piorar, Artemis, a deusa da caça, acaba sendo capturada e seu exército pessoal, as caçadoras, se unem aos campistas para uma missão dupla de resgate, mas Percy acaba não sendo escolhido para essa missão, tendo que ir por contra própria. Ao fazer isso, o mesmo se torna uma peça fundamental nesse tabuleiro que está mudando constantemente, qual lado irá prevalecer no final?

Nesse terceiro livro, a narrativa emprega uma rapidez interessante logo no início. A primeira missão acontece rápido e os sequestros também, a equipe de resgate é escolhida e partem à  caça. Pontos para o livro por decidir não enrolar demais e mostrar logo o caminho. Os novos personagens são interessantes e a leitura nos apresenta vários novos deuses. Artemis é sem dúvidas a que mais recebe destaque. A deusa da caça tem seu exército pessoal de garotas imortais, e esse grupo deseja recrutar todas as garotas semideus que puder. Isso mexe com Percy, que não entende porque suas amigas pensam em ingressar nesse grupo ao mesmo tempo em que as próprias caçadoras demonstram uma aversão a todo e qualquer garoto, principalmente Percy. Esse pequeno arco se estende até o final da leitura e é um dos melhores e mais desenvolvidos de todo o livro.

Apolo, o deus do sol e das artes, também é destacado no livro e sua aparição é uma das mais legais de se conferir. O deus é todo descolado e divertido, aparece pouco, mas marca território. Atlas, o titã que sustenta o peso do mundo nas costas, também está no livro e seu envolvimento é interessante por responder muitas perguntas e por estrelar o melhor arco. Sendo esse arco o final, onde acontece um grande embate extremamente eletrizante e cheio de ação. É uma daquelas sequências bem cinematográfica, onde tem várias coisas acontecendo e diversos heróis dando tudo de si ao mesmo tempo. As descrições são mais que claras e dosadas na medida certa, esse autor realmente sabe desenvolver uma boa cena de luta.

O ponto fraco de PERCY JACKSON E MALDIÇÃO DO TITàestá no seu desenvolvimento dos fatos. A missão dos heróis, novamente, insiste em manter uma estrutura episódica, onde os heróis vão de um lugar para o outro, sobrevivendo aqui, lutando ali e etc. Algo que foi feito à exaustão no primeiro livro, foi feito também no segundo, mas com um toque a mais e aqui se torna algo um pouco decepcionante. A leitura não precisava voltar para essa estrutura, esse é o terceiro livro da saga e já está na hora de ser mais do que uma lutinha em cada esquina. A interação entre os personagens e os conflitos já tem estrutura para sustentar uma narrativa convincente, não ação gratuita e monstros horrorosos a cada dois capítulos.

Mesmo com um desenvolvimento que poderia ser diferente, a leitura se encerra de maneira extremamente imprevisível, mostrando que nada está resolvido e que Percy só trocou seis por meia dúzia. Os últimos dois capítulos são sensacionais e só encaminham a história para um lado que todos gostam, tiro, porrada e bomba. As coisas vão esquentar e o leitor sente isso, sendo quase impossível conseguir segurar a ansiedade para avançar logo para o próximo livro. PERCY JACKSON E MALDIÇÃO DO TITÃ é uma leitura que, mesmo com problemas, consegue fisgar o leitor, e se você já chegou até aqui, dificilmente conseguira deixar essa aventura de lado nessa altura do campeonato.

Esta resenha faz parte da #SemanaEspecialRickRiordan promovida pela Intrínseca.


AUTOR: Rick RIORDAN
TRADUÇÃO: Raquel ZAMPIL
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2014
PÁGINAS: 336


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