Jennifer Brown já provou que gosta de escrever sobre temas pesados. Em A LISTA NEGRA, a autora falou sobre bullying; em AMOR AMARGO, ela falou sobre relacionamento abusivo. Agora, em MIL PALAVRAS, Brown decidiu abordar um assunto muito atual e relevante: o revenge porn, ou seja, a divulgação de material íntimo por motivo de vingança.

Temos visto uma série de notícias e materias sobre esse assunto, e sobre como ter sua intimidade divulgada pode ser devastador. O caso apresentado no livro não é muito diferente dos casos que vemos noticiados na televisão e na Internet.

O namorado de Ash está prestes a se mudar para cursar a faculdade. Insegura, Ash decide, influenciada pelas amigas, mandar um nude ao namorado, pois ela supõe que, com isso, ele vai amá-la mais. No início, tudo vai bem. Mas as coisas saem do controle, quando, após o término do namoro, o namorado de Ash decide mandar a foto dela para várias pessoas. A história acompanha os desdobramentos desse evento, oscilando entre passado e presente, e mostrando os efeitos disso na vida de Ash.

Eu achei a história bastante incompleta, rasa. Senti que a autora não estava segura para escrever sobre o tema, deixou muitas coisas de fora, coisas que são importantes. Tem tanto que poderia ter sido debatida, mas tudo se resume a situações óbvias, não há nada de muito novo, o que é uma pena.

Os personagens são igualmente incompletos. Foi até difícil, para mim, me envolver, porque tudo parece muito superficial.  A Ash é a típica protagonista de livros juvenis; o namorado dela é o típico cara que a se encontra em livros do mesmo gênero. E as amigas de Ash também não trazem nada de novo.

MIL PALAVRAS até tenta inserir um drama familiar, que poderia ter dado certo, mas, novamente, é tudo tão pouco explorado e aprofundado, que simplesmente não dá para desenvolver uma empatia pelos personagens e pelo que eles estão passando.

Talvez esse livro tenha vindo no momento errado para a autora, ele parece ter sido escrito de forma apressada. Os discursos são repetitivos, e eu senti que não havia nada para aprender. Eu já sei que a vítima não deve ser culpabilizada, e é só isso que o livro diz o tempo todo, mostrando as mensagens que Ash recebe. Na verdade, nem mesmo nisso o livro se aprofunda, pois não existe nenhuma mensagem final. Senti que a autora estava dizendo: “a sociedade vai te culpar de qualquer jeito, lide com isso“.

Acredito que ele seja mais relevante para um público jovem, em idade escolar, principalmente para garotas que não possuem discernimento e nem maturidade para identificar quando estão sendo enganadas pelo namorado para este se exibir ou se vingar. Embora não aprofunde a moral ou o tema, o pouco que faz, pode ajudar uma ou outra a pensar duas vezes antes de compartilhar fotos íntimas.

Quanto à edição, ela está bonita. Gosto dos livros da Gutenberg, pois eles são confortáveis de manusear. A fonte é grande, as folhas são grossas, amarelas, e a capa é bem bonita.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Jennifer BROWN nasceu em Kansas, passou boa parte de sua vida no subúrbio, mas também morou em Nova Jersey, mesmo assim se considera totalmente uma garota do centro-oeste rural dos Estados Unidos. Ela diz que teve muitos amigos imaginários, o que pode ser bom, porque teve que se mudar muito e o conviver com amigos reais era difícil. Ela se formou em Psicologia e conseguiu alguns trabalhos de Recursos Humanos, mas não demorou muito para ela perceber que essa não seria sua profissão.
TRADUÇÃO: Cristina SANT’ANNA
EDITORA: Gutenberg
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 208


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